domingo, 21 de setembro de 2014

Apneia


Mergulho, afundando o fôlego
na calma azul do dia, de marolas e suspiros.
O ar percorre o corpo – sabido do fim –
inundando de mar as veias.

Os braços soltam-se, abertos,
percorridos de desejos molhados,
e um sol educado põe-se,
tingindo laranjas no mar incandescente.

Os olhos fecham-se, serenos,
despindo sinestesias.

– Dispo-me da superfície insossa e seca –

E, a fundo, ignoro o ar que finda,
feito de futuros e securas.
As águas que me respiram carregam
o gosto de sol, sal – seu –
na noite navegada de universo.

– Pulmões extasiam-se num gemer abissal –

No mar em que amanheço,
ecoo marulhos, acordado de distâncias:

respiro gotas, infinitas, de um
atlântico vermelho, pulsante.

Auroras irrigam valsas
de meu vasto e rochedo peito.

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