Coçando a garganta pra sufocar o
incômodo, não percebi inútil o gesto. A voz, interrompida, teimava palavras
cansadas de furar o bolo que, inconveniente, se inflava. Mas de verbos,
migalhas de sons secos sacudiam os ouvidos fartos e insones, de vistas tediosas.
Engasgavam as pálpebras, talvez pra capturar o que no ar vibrava meus recuos.
E meu corpo, afásico de ser,
observada frangalhos fonemas debaterem-se no chão, em sede, corroendo-se com o
peso daquele pedaço de receio que incomodava-se em minhas vias. Minha língua,
estranha a mim, logo enrolava-se em fricções áridas, descascando-se: e em cada
arrastar vão, a dor e a mudez, empoeirando-me. E os que desejavam o sono veem
agora o pó, tímido, traindo suas vistas e sumindo - marejando olhares e
sussurrando silêncios.