sábado, 8 de fevereiro de 2014

A fratricida


Vi afundar a palavra naquela distância gritada,
eco de um olhar que se esconde e esquece.

De sua mão, a afagar esse mar de penhascos,
sequer a palma aberta, acenando fins:

apenas cascalhos e cavernas restam
nos dedos cerrados de secura.

Abissal e surda,
sua andança
tudo leva.
Nada leva.

Enterra.
E segue.


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Noite vaga


Era um silêncio estranho, calma rasa,


dando enjoos de vazios a um corpo
esquecidamente cansado.

Ensinava a mim mesmo a encher o peito
com a maresia que embolava as algas mortas.

Comia o ar, pois era a matéria que bastava.

Percorria as insossas espumas que o mar cuspia,
chutando o azul sem som.

E na noite que chegou, cheia,
a lua gritou a maior maré.
E em minha barriga,
uma dor que treme 
lágrimas.

Eu havia esquecido o que era saudade.