Às vezes, me canso de tudo.
Há vazio e inércia na constante fadiga,
nos fingimentos de sorrir.
Um sol quase claro mantém-se sobre as faces-poças,
sujas e surdas – déspotas-bufões a dançar algemas em minha boca.
(E eu queria a liberdade de chorar meu céu nublado
em anoitações de versos que só minha chuva ouve.)
Por isso cansar é minha melhor incompreensão.
É quando desconverso as horas e a tempestade
me sopra contra meu peito-rochedo.
E todos em volta, afundados em rasa vida,
pedem-me, gritam minha calmaria, perdidos.
Mas estou cansado demais para botes ou mensagens em garrafas.
Minha nau viaja em meu oceano, distante de ilhas paradas,
punhados de pó amarelo dos sorrisos que outrora me mentiam faróis.
Minha bússola são tormentas,
e da calma morte
do sempre da vida,
estou longe.
***
Mas tudo isso pode ser apenas cansaço de hoje.
Nada mais.
terça-feira, 23 de agosto de 2011
sábado, 20 de agosto de 2011
O Barco
Navegamos em estradas enrugadas,
cujo norte, em mistério azul, esconde-se.
Pés fincados no Barco, cortando o leito do Tempo,
de dobras onde a memória trilha afluentes.
Se nossos pés soubessem cavar, virariam raízes.
Mas nasceram virados pra frente, proas da vontade.
E cavar pode ser a secura, foz derradeira
de querer fazer nascer terra onde o Rio impera,
e afogar-se no abissal da ilusão, enterrando-se na mais
solitária ilha. Desterro de náufrago que vê tormentas em travessias.
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