quinta-feira, 7 de abril de 2011

Sísifo aniquilado



O insustentável claustro da dor cresce,

enrijecendo ombros caídos de penar
a própria andança em mundo vasto
de montes feridos de largas distâncias.

Um espelho desenha-se na grande rocha,
riscando a face cinza. Eram os olhos do perder
e a vida vencida que subia, subia. Vencida.
E as mãos, duras, apenas a rocha empurravam.

Havia o topo, do maior sol, iluminando o “se”.
Porém, curvado, o crânio suado vertia-se
na ínfima força, em torturante penumbra.
E as lágrimas escureciam-se na terra sem luz.

Os braços, gastos de ordem, tremiam o vazio
a contrair músculos, ossos – e o peito.
E a pedra era maior que o monte, que o sol –
que o sangue que desesperadamente escorria.

O ar faltava, tanto quanto o topo não visto.
Os olhos, embaçados, focavam, perdidos,
o desfigurado reflexo. E Parada. A pedra.
Congelado. Sísifo. No martírio ofício.

Viu-se nos dedos desanimados, na boca
aberta e muda, nos ouvidos órfãos de pássaros.
E, nos rios vermelhos que cortavam sua face,
viu a vida descer, feroz, sobre sua rasa alma.



Nenhum comentário:

Postar um comentário