quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
O azul rúbeo
Todo o encanto que bebeu meu sangue,
vertendo a oferta da alma em sujo chão,
resta na seca carne, pálida, vagante na sede
de um dia se encontrar no vermelho que resta.
E, ébrio de Nada, desfaço-me nos rastros da andança
que dia algum existiu, indagando ao céu quaisquer auroras.
O vasto azul esvai-se vazio no tropeço da minha surdez de querer,
que escorre a dor a tingir a terra e rasgar os pés já secos de norte.
A visão perde-se na mistura das cores, na aquarela trágica do [pôr-do-sol,
e o ar mata a última gota de vida a agonizar num corpo esquecido [de lágrimas.
O silêncio prolonga-se na aridez de só o vácuo enxergar.
No cromatismo da morte, alma e sol se vão, mentindo o mito do [Retorno
enquanto meus olhos, cegos, secos, encerram-se, como o peito.
Que se esquece na noite eterna.
Que se perde na infinda espera.
*Clique no nome do poema de Manuel María para lê-lo e ouvir sua versão musicada.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário