"Por não te possuir, tendo-te minha
Por só quereres tudo, e eu dar-te nada
Hei de lembrar-te sempre com ternura."
Vinicius de Moraes
Por só quereres tudo, e eu dar-te nada
Hei de lembrar-te sempre com ternura."
Vinicius de Moraes
Quando valsares, peças desculpas à Matéria,
por ferires limites e superfícies.
(Desconhecida ela se faz da tua sinfonia.)
Quando valsares, lamentes pelo ar,
que rouba, viciado, o cantar de teu perfume.
Na delícia do sopro teu ritmo descansa.
Quando valsares, ignores o chão torpe,
raiz do mundo frio e injusto,
de olhos cinzas à sua doce dança.
Quando valsares, não chores por outros
que lhe trombam com a rocha do silêncio.
(São ouvidos mortos, de ermas vagâncias.)
Quando valsares, não digas nada para ti:
conheces bem a música que marca teu peito.
Teu corpo, de pés bailarinos, pulsa maiores auroras.
Quando valsares, apenas Valsa sejas.
A murcha substância do marchar definha
no teu eteno passo, a entoar o Tempo e ecoar a Vida.