“A vida inteira que poderia ter sido e que não foi.”
Manuel Bandeira
Manuel Bandeira
E todo berço em ti jaz cova,
ferino eco de soturno corvo,
ninando escuro o Nunca-Mais.
E o tanto pouco que sobra vivo
é vago resto de roídos ossos:
podre arcada - outrora alvo lume -
a desorrir auroras em surdo réquiem.
Pois teu cego tato enterra, fundo,
fingindo tanto que, ensurdecendo-me,
da minha boca cala o sincero esmalte
e este infindo luto afunda mudo
em imunda cova, cuja estéril terra
tua palma planta e teu escasso canto
vela o peito inumo no sétimo palmo.