segunda-feira, 8 de junho de 2009

Infinita Highway


Era respeito o que sentia – ou melhor, admiração. Respeito dava margem à possível existência do temor. Da ordem patronal, poltronal ou seja lá outra, bancada pela posição. Mas medo não havia. Lhe davam uma pá e asfalto – portanto, construa a estrada. Lhe ensinavam algo. Só isso tudo.

Havia pressa de fazer seu rumo. Mas agora não há mapas.


[Era falta de (iniciativa para começar um) rumo que trazia a necessidade de mostrar seus rascunhos cartográficos. Quem lhe deu as pás e o betume sabia utilizá-las. Eles sabiam.]


Mas compartilhar seus projetos (ou fraquezas, escolha a que melhor se insere) é fazer do cimento tampa de sua cova. As placas que se colocam no caminho não são para outros. Ninguém desacelera se há escolas próximas. Ninguém passa devagar se o barro ainda está se planando para receber o betume. E os futuros buracos: vindos de fora, mas no asfalto pobre.

Pista escorregadia causa acidentes. Na ilusão do mapa universal, entrou na contramão da própria pista.

Os entroncamentos. Ou entruncamentos. Engarrafamento sem trânsito.

E recomeçou, agora com seu mapa. Fora de escala, é verdade, mas seu mapa. Da estrada que (ainda) não existia.



Um comentário:

  1. Acho que entendi metade do texto, tá poético demais pra alguém que costumeiramente acorda 11h e levantou 7:40.

    "Engarramentos sem trânsitos".
    Multidões de ninguém.

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