quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Um Show de Mãos


Cortinas talvez não fossem capazes de esconder aquele palco que há tempos fora montado. Os shows de luzes e sons criavam a ilusão de que era outro mundo; mesmo assim, não se via o palco. Mais luzes, mais sons, vozes agora se misturavam na confusão que fazia da platéia um debater de cabeças, olhos e mentes. Passos, gritos, olhos, cabeças - histeria. Pessoas andam pelo palco. Muitas. As luzes, passeantes, não deixam à vista esses indivíduos; são apenas vultos vivos. Mesmo com a cegueira das poltronas, o palco torna-se um ringue; cada personagem grita e gesticula como se fosse um nesse tablado. Não há harmonia, e os barulhos se sucedem. Cada um, em seu palco criado por berros e surdez, tentava ao menos atingir um espectador que fosse. As palavras passaram a ser atiradas; saíam como pedras flamejantes na direção do quem-fosse-acertado. Os outros que ocupavam o palco faziam o mesmo; ouvidos fechados e bocas abertas. Havia muita gente na platéia; o que restou foram mãos que, sem corpos, bateram palmas.




Um comentário:

  1. Te falei que meu raciocício está pausado , logo, muito complicado esse texto pra ele... =}

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