domingo, 29 de abril de 2007

Navegando em Vida


A rede pesca a vida nesse mar azul.
Mar da cor do céu:
minha liberdade.

Cercado pelo nada
que me faz viver.
As coisas da terra,
cheias de vermelho,
rasgam minha rede.

O que pesco
me alimenta.
O mar é minha casa:
comida e paz.

Ouço vozes daqui do mar.
vozes tristes da terra.
A maré vermelha
há muito tempo
tomou a terra.

Lá não pesco nada.
Lá as cores não existem.
O cinza se mistura ao
vermelho.
O povo nada nessas cores.

Aqui eu consigo ver o céu
se fundir ao mar.
Aqui Deus está junto aos homens
e faz minha rede encher
de Vida.


segunda-feira, 16 de abril de 2007

6:45


Lembrei daquela sala de aula com uma cadeira ao lado da janela que servia para me recordar das coisas a cada aula chata. A sala vazia, tão costumeira quando se chega cedo demais no colégio, agora tomou vida. Aquela antiga sala não era vazia. Por mais que chegasse cedo (encontrando a sala fechada e sem ar condicionado ligado), ela não estava vazia. Havia uma infinidade de momentos nela. Para cada azulejo, para cada cadeira e para cada resto de giz no chão, havia uma história. Havia vida em tudo naquela sala. Com o passar dos minutos, a sala ia ganhando pessoas. Era como se cada um ganhasse mais vida ao entrar naquela sala. Os lugares vazios possuíam uma vida própria, assim como as pessoas, claro. Mas da união desses nascia uma entidade, que se guarda por todo o tempo. Antes, a sala só era gigante apenas para alguém que ia apresentar algum trabalho para toda a turma. Mas agora ela é muito maior. As lembranças estendem até um ponto que olhos não enxergam. Vêm pessoas, cadeiras, janelas, tudo isso numa confusão de imagens. Confusão é olhar outras salas agora. Espaços vazios. Completamente vazios. As pessoas parecem desencarnadas dessas novas salas. Também estou aqui. Essa sala pode sim ter vida, mas não vejo isso. Deixei a alma naquela outra sala, de cadeiras azuis, com uma janela que me distraia quando o quadro me cansava. Agora, o que me sobra é olhar uma outra janela (na sala que estou há uma janela, mas não aquela) e tentar ver o que eu via na minha antiga sala. Na janela não há vida. Muito menos nas pessoas. Apenas estão aqui. Não vivem aqui. Talvez elas não queiram. Ou sou eu quem não quer viver nessa sala. Minha sala antiga era parte de minha vida. Agora sua porta se fechou. Não posso entrar mais nela. Mas ainda vejo o que aquela velha sala me trouxe pela sua janela.


segunda-feira, 9 de abril de 2007

Elo de Vidas


A infinidade num breve momento.
Vidas que se unem
ou se afastam.
Mas não se separam
com o afastar dos corpos.
As almas se entrelaçam
e se fundem.
E dessa mistura se voltam aos corpos.

Sempre abraçadas, as almas se afastam.
As almas jamais se soltam.
A distância não rompe esse elo.
a distância fortalece
E machuca.

A dor de querer unir novamente os corpos
mesmo que, unidas, as almas fiquem sempre.
A dor de olhar sua alma
e ver outras.
Unidas.
Juntas,
E distantes.

Mas as almas, sempre ligadas
manterão vivas
as vidas que passaram juntas,
podendo um dia
trazer os corpos de volta
e religá-los com um abraço.


quarta-feira, 4 de abril de 2007

Tradução de 'Age Of Innocence', do Iron Maiden


Idade da Inocência


Eu não posso mais comprometer-me
Com meus pensamentos
Eu não posso evitar os tempos
Minha raiva preenche meu coração
Eu não posso compreender
Uma nova causa perdida
Eu sinto que perdi minha paciência
Com o mundo e tudo mais

E todos os políticos
E suas promessas vazias
E todas as mentiras, enganações
E vergonha que vêm com elas
O homem trabalhador
Paga pelos erros deles
E também com sua vida
Se acontecer uma guerra

Então nós só temos uma chance
Podemos aceitá-la?
E nós só temos uma vida
Não podemos trocá-la
Podemos nos agarrar ao que temos?
Não substitua
A idade da inocência está desaparecendo
Como um velho sonho

Uma vida de crimes insignificantes
É punida com um feriado
A mente da vítima é traumatizada
Por toda a vida quase todos os dias
Assaltantes sabem exatamente
O quão mais longe isso pode ir
Eles sabem que as leis são flexíveis
São poucas as chances de culpabilidade

Vocês não podem se proteger
Nem mesmo em suas próprias casas
Pelo medo do choro dos vigilantes
As vítimas enxugam seus olhos
Então agora os criminosos
Eles lançam bem na nossa cara
O sistema judicial os deixa fazer isto,
Uma desgraça

Preocupações públicas desesperadas
Onde tudo isso vai acabar
Nós não podemos nos proteger
Nossos filhos da tendência do crime
Não podemos nem avisar uns aos outros
Do mal em nosso meio
Eles têm mais direitos que nós
Você não pode chamar isto de justo