quinta-feira, 29 de março de 2007

Personificação



Não force a caneta.
A tinta não sai no papel rasgado.
A caneta tem de passear.
Voar nas letras,
Mergulhar nas almas,
Rasgar os silêncios,
Ouvir os mudos.

Não use tinta vermelha.
Ela corta as asas
E apodrece as árvores.

Não amarre a poesia.
Pássaros sem asas
Ainda querem voar.

Não espere
O beijo do papel.
A tinta pode estar fraca.
Mas sua alma é fosforescente.

Dá-lhe vida!

A vida não se faz
Com amarras.

A tinta não acaba.

Mas o vermelho
Seca.


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